domingo, 14 de fevereiro de 2010

A escolha por si mesmo



A ética por Kierkegaard

A existência humana para Kierkegaard é marcada por possibilidades, e essas estão imbricadas na relação do ser humano com a realidade. Nesse sentido, a pessoa busca, em e para sua existência, encontrar fundamento ou verdade que a balise e norteie, como afirma Kierkegaard: “A verdade só é verdade se for verdade para mim”.

A escolha por si mesmo é abordagem da condição ética constitutiva da existência humana. Para Kierkegaard, as circunstâncias da vida incumbe o indivíduo fazer escolhas, ou seja, eleger . Essa eleição exerce papel funcional no caminho para a maturidade, isto é, quando se escolhe por si mesmo, toma-se consciência de quem se é, e “...ao fazer minha eleição este momento adquiria para mim um caráter solene e augusto” .

Ingredientes

. Duas pitadas diárias de conscientização de que a escolha por si mesmo é a forma de reconhecimento existencial no mundo, na qual, quem escolhe está profundamente ligado com o que escolheu;

. Três colheres açucaradas de percepção para compreende que o processo da escolha por si mesmo se dá na conscientização da responsabilidade diante da existência, na ambição do indivíduo em tornar concreta sua realidade e encontrar seu lugar no mundo;

. Um litro de felicidade que encontra aquele que faz escolhas consciente. A felicidade para o ético está relacionada à escolha, já que “sempre encontra uma saída quando tudo lhe é contrário” . Pode-se inferir que o ser humano ético, para Kierkegaard, é feliz quando encontra seu lugar na história através da escolha por si mesmo, pois ao encontrar seu lugar encontra a si mesmo;

. Uma xícara de clareza sobre ética e dever. A vida ética baseada somente na execução de deveres não é considerada por Kierkegaard como a escolha por si mesmo pois não produz a formação da personalidade. Seu resultado é desesperador e inquietante, já que se baseia em algo externo a si próprio, tornando o ser humano inseguro por não saber se está cumprindo o que é certo, sendo-lhe necessário “consultar a cada instante os outros para conhecê-lo enfim.

Modo de Preparar

A escolha por si mesmo é o amadurecimento do ser humano frente às escolhas da existência. Kierkegaard ressalta que a existência humana é constituída de possibilidades de escolhas e no próprio fato de escolher assume-se a si mesmo no mundo. O processo de escolher por si mesmo é meio de auto-afirmação do ser humano no mundo, através do qual se torna sujeito de sua própria história e responsável, a partir das escolhas que faz, porque se encontra e se reconhece em suas ações.

Dica

Optar por agir em sociedade é escolher-se como tarefa a ser cumprida, ou seja, que as ações estão acima do bem e do mal e que buscam aquilo que é universal e geral, que pode ser cumprido por todos os seres humanos.

Um abraço e boa semana,

Mila

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Receita sobre tolerância



Negociando limites por Liane Alves

A reflexão da escritora está baseada nos limites da tolerância, quando ela é real e desejável, ou exagerada e falsa. Ou quando somos tolerantes com os outros e intolerantes conosco, até o ponto de a tolerância virar autoabuso. Ou ainda quando a intolerância fecha nossos olhares e atitudes e nos torna rígidos e inflexíveis. Algumas dicas da escritora para negociar limites.

Ingredientes

. Três colheres por dia do entendimento de que o diferente não deve ser encarado como ameaça, ele é a contraparte de nós;
. Dois copos grandes de abrangência, a melhor palavra para dar ideia da expansão de limites pessoais, um noção de amplitude e de abertura. Algo leve, prazeroso e acolhedor;
. Uma pitada de resistência pacífica sobre sermos tolerantes com a intolerância. Isso corrói a sociedade;
. Gotas diárias de conscientização para compreender que o outro pode pensar diferente. A rejeição da diferença é o retrato acabado da intolerância, do totalitarismo e do fundamentalismo.

Modo de preparo

Tolerância não é concessão, condescendência, indulgência como afirma a declaração de princípios sobre a tolerância promulgada pela Unesco. Segundo André Comte-Sponville "Se não se deve tolerar tudo, pois seria destinar a tolerância à sua perda, também não se poderia renuncair a toda e qualquer tolerância para aqueles que não a respeitam". O exercício da tolerância é o desenvolvimento do sentimento de que somos todos interdependentes.

Dica

Não se pode ser justo só com os justos, generoso apenas como os generosos, misericordioso como os misericordiosos. Porque isso não é nem justo nem generoso nem misericordioso. Tampouco é tolerante aquele que só o é com os tolerantes. A tolerância, portanto, não é um objeto de troca num mercado, ou espelho que reflete apenas quem a pratica. Tolerância é abrangência. Temos de nos tornar maiores do que somos para poder praticá-la.


Boa semana,

Mila