Negociando limites por Liane Alves
A reflexão da escritora está baseada nos limites da tolerância, quando ela é real e desejável, ou exagerada e falsa. Ou quando somos tolerantes com os outros e intolerantes conosco, até o ponto de a tolerância virar autoabuso. Ou ainda quando a intolerância fecha nossos olhares e atitudes e nos torna rígidos e inflexíveis. Algumas dicas da escritora para negociar limites.
Ingredientes
. Três colheres por dia do entendimento de que o diferente não deve ser encarado como ameaça, ele é a contraparte de nós;
. Dois copos grandes de abrangência, a melhor palavra para dar ideia da expansão de limites pessoais, um noção de amplitude e de abertura. Algo leve, prazeroso e acolhedor;
. Uma pitada de resistência pacífica sobre sermos tolerantes com a intolerância. Isso corrói a sociedade;
. Gotas diárias de conscientização para compreender que o outro pode pensar diferente. A rejeição da diferença é o retrato acabado da intolerância, do totalitarismo e do fundamentalismo.
Modo de preparo
Tolerância não é concessão, condescendência, indulgência como afirma a declaração de princípios sobre a tolerância promulgada pela Unesco. Segundo André Comte-Sponville "Se não se deve tolerar tudo, pois seria destinar a tolerância à sua perda, também não se poderia renuncair a toda e qualquer tolerância para aqueles que não a respeitam". O exercício da tolerância é o desenvolvimento do sentimento de que somos todos interdependentes.
Dica
Não se pode ser justo só com os justos, generoso apenas como os generosos, misericordioso como os misericordiosos. Porque isso não é nem justo nem generoso nem misericordioso. Tampouco é tolerante aquele que só o é com os tolerantes. A tolerância, portanto, não é um objeto de troca num mercado, ou espelho que reflete apenas quem a pratica. Tolerância é abrangência. Temos de nos tornar maiores do que somos para poder praticá-la.
Boa semana,
Mila
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